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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Os Surfistas das Enchentes

A história é contada à boca miúda por pilotos de aeronaves locais. Um determinado líder político chegou, esta semana, a São José da Laje e foi cercado, de imediato, pela multidão desesperada. Ao observar uma velhinha que lhe pareceu, com razão, bastante debilitada, ele reclamou da falta de socorro oficial e levou-a em seu helicóptero – sob os aplausos dos populares. Mas a viagem foi curta: a velhinha foi deixada para atendimento em União dos Palmares, outra cidade devastada pelas águas.

Poderia ser até uma piada, mas os pilotos juram que não é. Na verdade, a ação dos surfistas das enchentes já era mais do que esperada, principalmente em um ano eleitoral. Para eles, quanto maior a miséria, maior o saldo político. Essa gente desconhece o que é empatia (no sentido apontado por Adam Smith, filósofo e economista escocês): a capacidade de sentir a dor do outro.

Os discursos inflamados estão “bombando” nos veículos de comunicação, com críticas veementes às ações do poder público e com promessas de um futuro róseo. Seria possível esperar algo diferente de tais personagens?

Mas também o cidadão comum dá mostra da cupidez que move os humanos, demasiado humanos, mesmo nas tragédias. Alguns comerciantes vêem, agora, a oportunidade de faturar alto com o sofrimento e o desespero das vítimas das enchentes. Produtos de primeira necessidade, como água e gás, estão sendo vendidos nas cidades devastadas pelo dobro do preço – ou até mais.Eles atuam em sentido contrário ao sentimento de solidariedade que vem se manifestando, com veemência, no coração e na ação do cidadão comum. Os surfistas podem não ser maioria - e estou convencido que não são -, mas fazem um estrago imenso entre os miseráveis de hoje.

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